Durante a faculdade, tive a oportunidade de realizar uma imersão clínica no Greater Baltimore Medical Center e na Johns Hopkins University (Baltimore/MD). Lá conheci o Dr. Alan Victor Abrams, cuja abordagem humanizada, escuta atenta e técnica impecável me marcaram profundamente. Sua prática mostrou que é possível unir pesquisa, excelência e gentileza — algo que carrego comigo todos os dias.

Após me especializar em Cirurgia Geral pela PUC-PR, ingressei no Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Rio de Janeiro, onde concluí a residência médica em Cancerologia Cirúrgica. Lá tive contato direto com os desafios e potências do SUS, e recebi uma formação completa em cirurgias abdominais oncológicas complexas, atuando em equipe multidisciplinar e aprendendo a importância de olhar para o paciente como um todo.

Foi um período intenso de crescimento técnico e humano, onde construí as bases da minha atuação cirúrgica. Mas a decisão de me dedicar exclusivamente às mulheres com câncer ainda estava por vir.

Em 2009, fui contemplada com uma bolsa da International Gynecologic Cancer Society (IGCS) para me aperfeiçoar em cirurgia robótica na Mayo Clinic (EUA) com o Prof. Javier Magrina, uma das maiores referências mundiais da especialidade. Essa vivência ampliou minha visão técnica e ética sobre a atuação cirúrgica.

A partir desse momento, ao longo de 12 anos, colaborei com o Prof. Arnaud Wattiez no desenvolvimento dos cursos internacionais de ginecologia minimamente invasiva do IRCAD América Latina – Unidade Barretos, onde pude ensinar, formar e inspirar profissionais de diferentes países — porque ensinar também é uma forma de cuidar,  tocando vidas que talvez jamais conheçamos.

Em paralelo à prática clínica, busquei aprofundar meu conhecimento científico. Concluí o doutorado em Oncologia pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) sob a orientação do Prof. Ricardo Renzo Brentani, um dos maiores nomes da ciência translacional no Brasil.

Meu projeto teve como foco a qualidade do rastreamento mamográfico e a detecção precoce do câncer de mama por meio de unidades móveis de mamografia, alcançando populações remotas e vulneráveis. Essa experiência consolidou em mim uma certeza: tecnologia, ciência e equidade devem andar juntas para transformar realidades.

Além da atuação clínica e acadêmica, tenho orgulho de contribuir com o avanço da ginecologia oncológica em âmbito nacional e internacional. Fui representante das Américas na diretoria da International Gynecologic Cancer Society (IGCS), membro da Society of Gynecologic Oncology (SGO) e da AAGL, colaborando com grupos de trabalho dedicados à cirurgia minimamente invasiva e endometriose. Também coordeno a Comissão de Ginecologia Oncológica da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, contribuindo para o desenvolvimento de diretrizes e formação médica no Brasil.

Esses espaços me permitem aprender, ensinar e levar a experiência brasileira para o debate global — sempre com foco em equidade, inovação e cuidado centrado na paciente.

Minha trajetória é feita de muitas mãos e muitas histórias. E segue guiada por um propósito essencial:
oferecer às minhas pacientes o que há de mais moderno, preciso e humano no tratamento do câncer ginecológico — com escuta, técnica e confiança.